quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Jovens fazendo a diferença

O texto transcrito a seguir, cuja publicação neste espaço foi autorizada pelo próprio autor, é de um jovem da CCB, que utiliza o heterônimo Paulo Abella.


Revolução Silenciosa

Até a difusão do cristianismo na Europa, as relações homossexuais eram consideradas comuns. Já na era feudal, tais relações foram demonizadas de maneira tão solidificada que até atualmente, cerca de dezesseis séculos depois, ainda são tratadas por muitos como tabu.

O conceito de indivíduo "homossexual" surgiu apenas no início do século XX. Até então, imaginar que haviam pessoas que sentiam atração sexual exclusivamente pelo mesmo sexo era praticamente impossível; não porque não existiam, mas sim porque era uma classe considerada tão inferior que pouquíssimas menções eram feitas formalmente e, mesmo se fosse mencionada, seria indiretamente.

No século passado, estudiosos e cientistas se empenharam para tentar entender a origem desse comportamento e, mesmo sem muito sucesso, mediante a algumas observações feitas, puderam concluir que não trata-se de opção, tampouco de psicopatologia, portanto não pode ser curado ou tratado.

Estas descobertas inspiraram a criação de igrejas inclusivas, mas mesmo assim, as instituições religiosas mais fundamentalistas constituem uma maioria - possuindo assim, mais influência sobre o Estado - e disseminam, sob o pretexto da "liberdade de expressão", argumentos inflamados baseados em pesquisas de generalização para difamar a classe homossexual de cidadãos.

Para Foucault, não é necessário o estudo das origens da homossexualidade, nem apenas assegurar o direito civil dos homossexuais, deve-se então utilizar a própria condição de minoria para reinventar as estruturas de nossa sociedade. Quando vemos o casamento homoafetivo sendo normatizado - como acontecera em Dezembro de 2012 no Estado de São Paulo - ou até mesmo a segunda ocorrência histórica de renúncia papal, podemos observar que não trata-se de um argumento raso.

Em suma, enfrentamos uma revolução silenciosa com opositores barulhentos e, dentro desse contexto, até que ponto devemos preservar a liberdade de expressão sem ameaçar os direitos dos cidadãos nem o estado laico? Até quando viveremos em uma sociedade nada igualitária? A resposta está na velocidade dos movimentos sociais, nos fatos e na história.

Paulo Abella

Nota (do autor do blog)
  • Paul Michel Foucault (1926-1984) foi um filósofo francês que teve grande parte de seu trabalho desenvolvido em uma arqueologia do saber filosófico, da experiência literária e da análise do discurso. Seu trabalho também se concentrou sobre a relação entre poder e governamentalidade, e das práticas de subjetivação. Para maiores informações clique aqui.

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